Começo nessa postagem a hashtag #folclore. Primeiro uma breve impressão sobre o folclore, e, aos poucos a história de cada figura assombrosa ou não, desse folclore! Para acompanhar é só seguir no facebook, por email ou pelo Google plus! 👽💌
Torres (1961) cita: A palavra folclore, como se sabe, é o aportuguesamento da expressão inglesa folk-lore, em que folk significa "povo", e lore, "ciência, saber". Pode tratar tradições populares, expressas através de lendas, canções, cantos, historietas, rezas, adivinhações, rituais, superstições, fábulas, receitas e mitos.
Estudiosos brasileiros da matéria, dentre eles Câmara Cascudo, Renato Almeida, Édison Carneiro, reunidos no primeiro Congresso Brasileiro de Folclore, realizado no Rio de Janeiro em 1951, elaboraram a Carta do Folclore em que redefiniam o termo folclore, dando-lhe uma visão mais atualizada.
No VIII Congresso Brasileiro de Folclore, em Salvador, em 1995, foi apresentada e aprovada a re-leitura da Carta do Folclore em que o termo é revisado e o conceito dessa disciplina sofre algumas modificações, em consonância com a recomendação da UNESCO para a Salvaguarda do Folclore, definida na Reunião de Praga, em 1995. A partir daí o termo folclore é entendido como:
O conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo da sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade.A aceitação coletiva, contrapondo-se ao anonimato, valoriza a capacidade criadora de um autor conhecido, cuja obra, ao ser aceita coletivamente, passa a ser considerada patrimônio comum do grupo. Também a Regionalidade é uma marca da manifestação folclórica que pode apresentar variantes em diferentes localidades, gerando as versões (a feijoada e a moqueca são bons exemplos disso). [também a mandioca como exemplo, enraizada na cultura brasileira, onde possui sua própria lenda, A lenda da Mandioca] (ALCOFORADO, 2007).
Por Luís da Câmara Cascudo (2015):
"O obscuro fantasma criado pela poesia mitológica evaporou-se, perante a luz brilhante de um conhecimento científico das leis naturais." ERNESTO HAECKEL - História da criação.
Quem estudar a natureza humana verá, necessariamente, que quanto menor é o grau do adiantamento de um povo tanto maior é o poder impressionista e ilusório que o domina. É este um fato incontestável.
A ilusão exerce um poderio tão energégico sobre a imaginação do homem inculto, que o faz conceber um terror invencível por certos fatos que o impressionam. Ela tem a propriedade de dar uma vida aparentemente real a objetos inanimados.
A impressão, como a ilusão, influi diretamente sobre o poder imaginativo, e daí as concepções obstinadas que abatem o espírito humano, e daí a constante transfiguração dos fatos.
Já disse uma vez e repito novamente - que o espírito humano é muito suscetível de impressões que, nele calando, se tornam firmes, inabaláveis como inscrições nas campas.
Uma circunstância qualquer, mesmo a mais vulgar, preocupa a imaginação, e faz brotar uma imensidade de pensamentos vãos, que se sobrepõem, que se solidificam, que, finalmente, não se desligam mais do cérebro em agitação.
É por esse processo que os acontecimentos reais vão, pouco a pouco, esmaecendo na memória dos povos e se transformando em lendas, que se transmitem de geração em geração.
A luz brilhante de uma estrela, o mover turbulento e sombrio das ondas, o deslizar suave das águas cristalinas de uma fonte, a figura gigantesca de uma montanha, a aparição periódica de certos astros, e muitos outros fenômenos exerceram uma influência fortíssima sobre o pensamento dos primeiros povos e foram origem de várias lendas, crendices e bruxarias.
O homem, ignorando as coisas mais simples, que determinaram a variedade dos fenômenos naturais, sentia um horror crescente por tudo quanto observada. Daí o poder ilusório, mostrando as primeiras manifestações de sua impressão. Daí as crenças obstinadas, as superstições importunas. Daí o fetichismo.
"O homem supersticioso, diz M. James Sully, julga-se guiado por bons ou maus espíritos, quando novas ideias nascem em seu espírito, quando novas resoluções nele se debuxam".
É assim que vemos o valor de uma crença puramente supersticiosa, [...]
Para conhecer a natureza de um povo é preciso atender à sua origem, à sua índole ao clima do território, pois são estes os elementos essenciais para bem determinar o seu caráter.
O povo brasileiro é o resultado do cruzamento de três raças - a branca, a negra e a americana.
O elemento português, o africano e o indígena são, portanto, as fontes donde emanou o que principalmente se pode chamar - o brasileiro puro.
Ainda de acordo com Câmara Cascudo, O lobisomem, almas do outro mundo, são federais, gerais, nacionais. O Saci, a Caipora, são regionais, abrangendo vários Estados. A Cobra-Grande, Capelobo, Mapinguari, são municipais, locais, agindo em zonas adequadas e propícias à sua ecologia. Capelobo e Mapinguari nas selvas, matas, escuro da floresta equatorial. Cobra-Grande onde passem os afluentes da artéria fluvial do Amazonas. [...] Assim o folclore indígena reviveu no sangue fiel dos primeiros brasileiros. Guardaram e transmitiram a herança comunicante dos assombros.
De acordo com Ricardo Luiz de Souza (2018),
Se o folclore foi reconhecido e exaltado como legítima expressão da nacionalidade por um grupo de intelectuais, outros, contudo, permaneceram definindo- como índice de um atraso que deveria ser combatido, não enaltecido. Souza Barros (1971) define o folclore como a manifestação cultural de uma sociedade agrária.
A ilusão exerce um poderio tão energégico sobre a imaginação do homem inculto, que o faz conceber um terror invencível por certos fatos que o impressionam. Ela tem a propriedade de dar uma vida aparentemente real a objetos inanimados.
A impressão, como a ilusão, influi diretamente sobre o poder imaginativo, e daí as concepções obstinadas que abatem o espírito humano, e daí a constante transfiguração dos fatos.
Já disse uma vez e repito novamente - que o espírito humano é muito suscetível de impressões que, nele calando, se tornam firmes, inabaláveis como inscrições nas campas.
Uma circunstância qualquer, mesmo a mais vulgar, preocupa a imaginação, e faz brotar uma imensidade de pensamentos vãos, que se sobrepõem, que se solidificam, que, finalmente, não se desligam mais do cérebro em agitação.
É por esse processo que os acontecimentos reais vão, pouco a pouco, esmaecendo na memória dos povos e se transformando em lendas, que se transmitem de geração em geração.
A luz brilhante de uma estrela, o mover turbulento e sombrio das ondas, o deslizar suave das águas cristalinas de uma fonte, a figura gigantesca de uma montanha, a aparição periódica de certos astros, e muitos outros fenômenos exerceram uma influência fortíssima sobre o pensamento dos primeiros povos e foram origem de várias lendas, crendices e bruxarias.
O homem, ignorando as coisas mais simples, que determinaram a variedade dos fenômenos naturais, sentia um horror crescente por tudo quanto observada. Daí o poder ilusório, mostrando as primeiras manifestações de sua impressão. Daí as crenças obstinadas, as superstições importunas. Daí o fetichismo.
"O homem supersticioso, diz M. James Sully, julga-se guiado por bons ou maus espíritos, quando novas ideias nascem em seu espírito, quando novas resoluções nele se debuxam".
É assim que vemos o valor de uma crença puramente supersticiosa, [...]
Para conhecer a natureza de um povo é preciso atender à sua origem, à sua índole ao clima do território, pois são estes os elementos essenciais para bem determinar o seu caráter.
O povo brasileiro é o resultado do cruzamento de três raças - a branca, a negra e a americana.
O elemento português, o africano e o indígena são, portanto, as fontes donde emanou o que principalmente se pode chamar - o brasileiro puro.
Ainda de acordo com Câmara Cascudo, O lobisomem, almas do outro mundo, são federais, gerais, nacionais. O Saci, a Caipora, são regionais, abrangendo vários Estados. A Cobra-Grande, Capelobo, Mapinguari, são municipais, locais, agindo em zonas adequadas e propícias à sua ecologia. Capelobo e Mapinguari nas selvas, matas, escuro da floresta equatorial. Cobra-Grande onde passem os afluentes da artéria fluvial do Amazonas. [...] Assim o folclore indígena reviveu no sangue fiel dos primeiros brasileiros. Guardaram e transmitiram a herança comunicante dos assombros.
De acordo com Ricardo Luiz de Souza (2018),
Se o folclore foi reconhecido e exaltado como legítima expressão da nacionalidade por um grupo de intelectuais, outros, contudo, permaneceram definindo- como índice de um atraso que deveria ser combatido, não enaltecido. Souza Barros (1971) define o folclore como a manifestação cultural de uma sociedade agrária.
Curupira, Saci and others - Por: Ferigato |
Angelita Faleiro (Desbravando Nosso folclore) cita esse folclore brasileiro também povoado por "assombrações"; o terror em encontrar com entes fantásticos, aparições, casa mal-assombrada, tudo isso está presente no imaginário do sertanejo brasileiro [...]
"O folclore da alimentação é tão variado e complexo como sua própria história..." (Dicionário do Folclore Brasileiro). Freud (1910/1996, p. 92) diz que as tradições sustentam “aquilo que um povo constrói com a experiência de seus tempos primitivos e sob a influência de motivos que, poderosos em épocas passadas, ainda se fazem sentir na atualidade”.
"O folclore da alimentação é tão variado e complexo como sua própria história..." (Dicionário do Folclore Brasileiro). Freud (1910/1996, p. 92) diz que as tradições sustentam “aquilo que um povo constrói com a experiência de seus tempos primitivos e sob a influência de motivos que, poderosos em épocas passadas, ainda se fazem sentir na atualidade”.
Imagem: pinterest |
Agora, continue acompanhando o blog nas próximas postagens, ainda tem muito sobre a lenda de cada um: Curupira/Caipora, Mapinguari, Saci, Boitatá, Cobra-grande, Mula sem cabeça, Capelobo, Jurupari 👀
Entre outros...👻
Brazilian Folklore II - Por: tieche |
Imagem: janainaart |
Referências:
ALCOFORADO, Doralice Fernandes Xavier. Do folclore à cultura popular. Boitata, v. 3, 2007. INSS 1980 - 4504
CASCUDO, Luiz Camara. Antologia do folclore brasileiro. Vol 2. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2015. 336 p.
CASCUDO, Luiz Camara. Antologia do folclore brasileiro. Vol 2. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2015. 336 p.
CASCUDO, Luiz Camara. Folclore no Brasil. 3 ed. 232 p.
FREUD, Sigmund. Totem e Tabu e Outros Trabalhos. Obras completas de Sigmund Freud. Edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. Totem e Tabu e Outros Trabalhos. Obras completas de Sigmund Freud. Edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
SOUZA, Ricardo Luiz. Identidade nacional e modernidade brasileira. Autêntica, 2018. 232 p.
FALEIRO, Angelita. Desbravando nosso folclore. biblioteca24horas. 282 p.
TORRES, Artur. Curiosidades Folclóricas o Folclore no Brasil. Revista Letras, v. 12, 1961.
TORRES, Artur. Curiosidades Folclóricas o Folclore no Brasil. Revista Letras, v. 12, 1961.
0 Comentários:
Postar um comentário