⚠️ IMPORTANTE: CAPRICORNUS contém alguns filmes raros, que tiveram legenda sincronizada, outros traduções para o português, deu trabalho pra tá aqui ent vai roubar conteúdo da puta que te pariu sem dar os créditos. ~ Siga a gente! Os filmes tem limite de visualização mensal, caso não consiga, tentar próximo mês.

Religiões ayahuasqueiras: A interferência da política brasileira antidrogas

Este é um trecho entre arquivo dos seguintes autores:
Beatriz Caiuby Labate ... [et al.], (orgs.) . Drogas e cultura: novas perspectivas. - Salvador: EDUFBA, 2008. 440 p. : il.
Co-edição com: MinC, Fapesp, NEIP. Este livro é o resultado do Simpósio "Drogas: controvérsias e perspectivas", realizado na USP, em setembro de 2005.

Estigmas de grupos ayahuasqueiros

Por Sandra Lucia Goulart

Pretendo abordar o caso de grupos religiosos fundamentados no consumo ritual do chá psicoativo conhecido pelos nomes de Daime, Vegetal, Hoasca, Ayahuasca1, entre outros.
Seguindo uma abordagem histórica, mostro que, numa primeira fase, esses cultos eram acusados por diferentes setores da sociedade brasileira de práticas de “macumba”, “feitiçaria” e “curandeirismo”. Argumento que, atualmente, os estigmas sofridos pelas religiões designadas geralmente de ayahuasqueiras se transformaram. O uso do chá e as práticas rituais ligadas a ele passam a ser estigmatizados na medida em que são associados ao consumo de drogas. Em ambos os períodos, entretanto, estamos diante de grupos religiosos sob os quais paira a ameaça
constante da ilegalidade.
***
É o uso de um chá psicoativo – que recebe, como coloquei acima, denominações diversas, tais como ayahuasca, Daime e Vegetal – o elemento central de diferentes cultos religiosos surgidos na Amazônia brasileira a partir, principalmente, da década de 1930. Num determinado momento da história desses grupos, eles passam a ser identificados pela expressão religiões da ayahuasca ou ayahuasqueiras, sobretudo no âmbito externo desse universo religioso – na mídia, entre os estudiosos do tema, na sociedade em geral.
[...]

Cronologicamente, a primeira religião ayahuasqueira brasileira é aquela que ficou conhecida como Santo Daime, criada por Raimundo Irineu Serra, o Mestre Irineu, no início dos anos trinta, em Rio Branco, Acre. O termo Daime, que serve de nome tanto ao culto quanto a bebida aí utilizada, segundo estes religiosos, relaciona-se às invocações feitas ao ser espiritual que habita o chá. Assim, “Dai-me” é um pedido feito por quem consome o chá ao próprio chá: “dai-me saúde, dai-me amor, dai-me luz”, etc.2 Em 1945, surge outra religião ayahuasqueira, também em Rio Branco, criada por Daniel Pereira de Mattos, o Mestre Daniel. Inicialmente, o culto do Mestre Daniel era conhecido em Rio Branco como “Capelinha de São Francisco”, nome dado a humilde construção de taipa, situada numa região rural, onde ele começou a realizar “trabalhos espirituais” usando o chá. 

Novas acusações: o daime como droga

[...]
Na região amazônica do Brasil, e em particular em Rio Branco – berço das religiões ayahuasqueiras –, o cenário institucional repressivo com relação às drogas ilícitas, de um modo geral, também passa a sofrer alterações a partir da década de setenta. Assim, em meados dos anos setenta verificamos as primeiras iniciativas mais contundentes do governo brasileiro com relação ao combate às drogas ou ao narcotráfico na Amazônia. É o que demonstram uma série de tratados realizados, nesta época, entre o Brasil e outros países amazônicos, como o Peru, a Venezuela e a Bolívia. Como coloca Rodrigues (2002), estes tratados visavam unir os esforços de países amazônicos vizinhos na repressão ao uso e, sobretudo, ao tráfico (às suas rotas) de drogas ilícitas, expressando o início do alinhamento entre a política brasileira antidrogas e a repressão internacional ao narcotráfico. Também é importante salientar que a Polícia Federal apenas se instala na capital acreana em 1973, estando até então ausente na região (Mortimer, 2000; Goulart, 2004a).

As relações entre os cultos ayahuasqueiros e instituições governamentais são afetadas por esses esforços iniciais do governo brasileiro no que se refere à repressão às drogas ilícitas na região amazônica. Um ano depois de se instalar no Acre, em 1974, a Polícia Federal já manifesta interesse em investigar os grupos religiosos ayahuasqueiros locais, convocando os dirigentes de vários destes grupos para depoimentos informais. Como vimos, esse tipo de ação não constituía novidade na rotina destas religiões. Ao contrário, o próprio Mestre Irineu e os fiéis de seu centro, nos anos trinta e quarenta, eram, com freqüência, chamados e inquiridos por policiais, delegados ou seus representantes, e suas residências e locais de culto invadidas por essas autoridades oficiais. Contudo, estas novas investidas da Polícia Federal, na década de setenta, se distinguiam daquelas do passado porque o objetivo não era mais reprimir crenças de “macumba” e “feitiçaria” ou, então, combater práticas terapêuticas populares que se enquadrassem na categoria de atos de charlatanismo e curandeirismo. O interesse principal dos representantes da lei passava ser a bebida consumida em todos esses cultos. Como relatam vários adeptos dos diferentes grupos que foram chamados, em 1974, para uma “conversa” com o delegado da Polícia Federal (PF), as informações solicitadas diziam respeito aos efeitos do chá, a suas conseqüências, sua composição etc. Era a decocção, vista em si mesma, como substância, isto é, como droga, que despertava curiosidade e desconfiança, muito mais do que um conjunto amplo de práticas religiosas ou fitoterapêuticas.
[...]
Muitos destes novos temas destacados tanto em acusações ou denúncias quanto em resoluções do governo, nos anos de 1990, estão diretamente relacionados à expansão de algumas destas religiões. Conforme muitas delas ganham visibilidade, ao passarem a contar com uma quantidade crescente de grupos não só em várias regiões do Brasil, mas inclusive em outros países, mais todos estes cultos têm sua imagem associada ao tema de drogas ou tóxicos. Nesse sentido, uma polêmica que se torna cada vez mais freqüente é a da “comercialização” ou do “tráfico” da ayahuasca.
Neste caso, também, as queixas vêm, principalmente, do próprio campo ayahuasqueiro, e implicam em acusações de “venda” do chá, “turismo” religioso ou uso do chá para “fins não religiosos”. Esse tipo de acusação aumenta na medida em que se torna mais expressivo o crescimento de religiões ayahuasqueiras no exterior. Dois eventos ocorridos, em 1999 e 2000, envolvendo justamente as duas religiões ayahuasqueiras mais comprometidas com um movimento de expansão, a UDV e o CEFLURIS, levaram a um destaque ainda maior, nesse campo, de acusações de “tráfico” do chá. Em 1999, alguns litros de Vegetal foram apreendidos pela polícia da Califórnia. Em  2000, na Espanha, alguns dirigentes do CEFLURIS, que entravam neste país trazendo Daime para suas igrejas filiais, aí estabelecidas, foram presos em flagrante, sob a acusação de tráfico de droga (Groisman, 2000; Ribeiro, 2005).
[...]
Em 2001, a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD),31 em parceria com a Polícia Federal e o Ministério da Educação, elaborou um questionário de setenta e quatro perguntas dirigidas às entidades religiosas brasileiras usuárias da ayahuasca. Além da recorrência às noções de “droga”, “tóxico”, “alucinógeno”, e de uma visão tendenciosa, que já pressupunha uma dependência causada pelo chá (Goulart, 2004a; Labate, 2005), as perguntas deste questionário expressavam uma inquietação sobre questões como a “exportação” da ayahuasca para outros países, ou com as formas assumidas por seu consumo fora de situações “rituais” ou fora da “tradição” brasileira.

Algumas considerações finais
[...]
Hoje em dia, também, de modo diferente do que ocorria no passado, os estigmas sofridos por esses cultos não parecem mais vincular-se, diretamente, à repressão de grupos socialmente desfavorecidos. Afinal, seus adeptos provêem de diversas classes sociais e, quanto maior é a expansão desses grupos, mais alta parece ser a classe social de seus fiéis, como se dá, aliás, com os grupos do CEFLURIS e da União do Vegetal no exterior. Neste caso, o estigma e a marginalidade estão mais relacionados a estilos de vida desviantes daqueles dominantes em uma sociedade (Velho, 1998) do que a discriminações de raça ou de classes sociais.

Cannibal (2006)


Diretor: Marian Dora
Duração: 90 minutos
País de origem: Alemanha
Áudio: Inglês | Legenda: Português (com erros)

Sinopse:Baseado no caso da vida real de Armin Meiwes, um solitário programador homossexual alemão que coloca uma série de anúncios online, na esperança de atrair alguém a quem ele possa cozinhar e comer (!). Surpreendentemente, o anúncio é bem sucedido, atraindo a atenção de um homem (que é aqui chamado apenas "a carne"). Logo, o Canibal e seu jantar em perspectiva estão em êxtase, amando, trocando carícias... fazendo tudo que um casal "normal" faria... tudo como um prefácio para as atrocidades que vêm a seguir...

O filme em si, embora falho algumas vezes, honestamente é bem feito. Há muitas imagens surpreendentes que você não veria em outro lugar, só nos filmes de Marian Dora mesmo. A fotografia na maioria das vezes é como estar vendo The Angel’s Melancholia (2009), só muda o roteiro. Uma das cenas de abertura é de um sem-teto injetando heroína, e parece razoavelmente autêntica. Quando o filme finalmente chega ao desmembramento, tudo é muito realista. Eu não ficaria surpreso se alguém dissesse que eles usavam um cadáver de animal nos closes. A iluminação e o enquadramento também são muito bem feitos em algumas cenas interiores.
Como mencionei antes, o filme tem uma qualidade realmente ingênua e inocente. Você teria que ser espetacularmente demente para realmente se envolver nas atividades descritas, e talvez minha imagem romantizada de uma figura de Hannibal Lecter esteja mostrando minha ingenuidade. Por outro lado, há particularidades dementes que poderia ser uma encenação de um evento real,  onde duas pessoas perturbadas se encontram e realizam um cenário mutuamente agradável ... um come o outro. 
Devo mencionar que existe um conteúdo homossexual significativo que está totalmente de acordo com o evento da vida real. Novamente, isso foi bastante gráfico e um tanto inesperado. Se eu tivesse tempo para pesquisar o caso, teria ficado menos surpreso. Embora isso possa fazer com que alguns evitem esse filme, eu diria que ele faz parte da experiência total e é essencial para a história.
Eu acho que o que torna esse excelente artesanato é que é um filme, mas estranhamente realista, é quase como assistir a um documentário do evento real e é terrivelmente nojento.
Você é fã de Kvlt? Veja o filme. É fã de filmes para doidos? Veja o filme. Não? Veja assim mesmo e comente xingando muito, haha mas para quem não é fã de cinema extremo, eu recomendaria encontrar um livro sobre o estudo de caso em vez de assistir a isso, um apena que nada mais me surpreende, já vi todos, e esse só mais um que me daria sono. Nota imdb 5,3/10..
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Alimentos, drogas e proibicionismo - Por Henrique Carneiro

Henrique Carneiro é o autor dos livros: Comida e Sociedade: Uma história da alimentação, Drogas: a história do proibicionismo (Autonomia Literária, 2019)e também Amores e sonhos da flora: afrodisíacos e alucinógenos na botânica e na farmárcia.  Nessa postagem irei compartilhar um trecho do primeiro livro e um pouco de sua ideia sobre alucinógenos! No final a descrição dos 3 livros indicados, caso queira procurar !

Alimentação e Religião: Sacrifícios, normas e tabus 
A história comparada das religiões também ocupou-se da descrição e da interpretação de representações e regulamentações sagradas sobre o consumo dos alimentos. Em quase todas as civilizações o alimento é um dos primeiros deuses ou tem um deus tutelar. No méxico, os cogumelos alucinógenos do gênero Psilocybe são sagrados e denominados "carne de deus" (teonanactl). As plantas psicoativas americanas, como a jurema (Mimosa hostilis), elevada pelo escritor José de Alencar, em Iracema, à condição de símbolo secreto da cultura indígena: a ayahuasca, beberagem sagrada , também de origem indígena, cultuada na religião do Santo Daime, no Brasil; e diversos cactos andinos e mexicanos, como o San Pedro e o peiote, são exemplos de alimentos e bebidas divinizadas. Em todo o mundo, as inebriantes e as drogas desempenharam um papel central nas técnicas de êxtase e nos rituais de transe como um alimento espiritual muito particular, objeto de devoção mística. Dioniso/Baco era o deus do vinho no mundo grego e romano.  Ceres, versão latina de Deméter, denominou os mais importantes alimentos, os cereais, cujo ciclo vital da semeadura e da colheita é regido pela deusa. A "queda" de Adão e Eva ou pecado original, foi o ato de comer um fruto proibido. 
A alimentação assume assim a função de distinguir religiosamente os povos para os quais adieta torna-se um assunto muito mais transcendente do que a mera satisfação do estômago. As disposições bíblicas vetero-testamentárias, corânicas ou da tradição indiana sobre a alimentação são um motivo de intenso debate histórico e antropológico, que este capítulo abordará nos seus traços básicos.
[...]
Muitos herbários do século XVI chamavam-se justamente História das plantas (De Historia Stirpium, Leonhardt Fuchs, 1542) eHistória dos frutos (Frugum Historia, Rembert Dodoens, 1552), e descreviam as plantas tanto alimentícias como medicinais a partir de suas supostas virtudes para o corpo humano,derivadas da natureza do seu temperamento, quente ou frio e seco ou úmido, e conseqüentemente relacionado com um órgão, um humor, uma estação do ano, um momento do dia ou da noite etc. O temperamento quente e seco era visto como o modelo ideal e, portanto,característico do homem. A mulher seria fria e úmida. O quente possuiria a qualidade de excitar e despertar, e o frio, de adormecer e acalmar. Os alimentos quentes seriam o vinho, o sal, o açúcar, o mel, a canela, o cravo, a pimenta, a mostarda, o alho. Os frios seriam a alface,o vinagre, os pepinos, o ópio, a cânfora, os cogumelos e as frutas em geral. O vinho era uma bebida tão quente para Galeno, o mais importante médico da época romana, que ele o interditava antes dos 22 anos, pois até essa idade já haveria suficiente calor natural nos corpos. O chocolate, no século XVIII, era considerado tão quente que não deveria ser dado para crianças!

Na entrevista encontrada por (MARIANA et al., 2017) Henrique Carneiro diz que, abre aspas, "a fronteira entre entre alimentos e drogas é fluída, pois todos os alimentos também são considerados como possuidores de virtudes intrínsecas que afetariam a constituição do corpo. Os produtos alimentares e farmacêuticos possuem uma natureza comum de serem produtos da natureza que o corpo ingere. São, dessa forma, consubstanciações da matéria exterior corporificadas na interioridade humana. Essa dimensão encarna literalmente a matéria do mundo na substância do corpo. Tais produtos ingeríveis vão servir não só como formas de alimentação, de estimulação,de analgesia ou de alterações da consciência ou das emoções, mas também como marcadores sociais hierárquicos, etários, de gênero e de pertencimentos tribais. A diferenciação das drogas em relação aos alimentos começou a se estabelecer de forma definitiva na época industrial da farmacologia contemporânea, mas o estatuto antropológico comum a todos estes produtos continua sendo o fato de serem absorvíveis pelos orifícios corporais ou pela pele, sendo assim matérias incorporáveis.Por isso então seu interesse em abordar as drogas e os alimentos de forma relacionada!"
O autor ainda cita, abre aspas: "O Brasil permanece na retaguarda da reforma da política de drogas. A lei vigente 11.343, de 2006, embora tenha descriminalizado o uso pessoal, não distinguiu claramente esse uso do comércio, deixando ao arbítrio discricionário das autoridades policiais e judiciais a definição penal. Como consequência, houve um enorme aumento do encarceramento, triplicado desde a aprovação da referida lei, e incidindo especialmente sobre populações pobres, negras e marginalizadas. Por outro lado, um vigoroso movimento social em torno das chamadas Marchas da Maconha vem, desde 2011, tornando-se uma das principais expressões de um anseio demudança, especialmente entre os jovens das periferias urbanas, que sofrem os efeitos mais nefastos de uma guerra às drogas que pratica um extermínio sistemático dessas camadas sociais mais vulneráveis. A realização das marchas também trouxe para a agenda do STF o debate da descriminalização do consumo como prerrogativa de exercício constitucional das liberdades individuais de autodeterminação. Essa discussão está parada na corte suprema, podendo a retomada do seu debate representar uma possibilidade de que o Brasil acompanhe o quase consenso jurídico na América Latina que aponta para a descriminalização do uso pessoal de drogas." Fecha aspas.
Comida e Sociedade. 
A alimentação é, após a respiração e a ingestão de água, a mais básica das necessidades humanas. Mas como “não só de pão vive o homem”, a alimentação, além de uma necessidade biológica, é um complexo sistema simbólico de significados sociais, sexuais, políticos, religiosos, éticos, estéticos etc. Comida e Sociedade: Uma História da Alimentação abrange, portanto, mais do que a história dos alimentos, de sua produção, distribuição, preparo e consumo. O que se come é tão importante quanto quando se come, onde se come, como se come e com quem se come. As mudanças dos hábitos alimentares e dos contextos que cercam tais hábitos é um tema intrincado que envolve a correlação de inúmeros fatores. Compre na Amazon

Amores e Sonhos da Flora – Afrodisíacos e Alucinógenos na Botânica e na Farmácia
O autor estuda os herbários produzidos entre os séculos XVI e XVIII, e rastreia a construção social das noções desenvolvidas na Era Moderna sobre o uso de diferentes plantas, com conseqüências que chegam até nós. A botânica e a farmácia nascem, então, como ciências inextricavelmente ligadas, cuja a motivação é a busca de novas drogas, potencializada pela descoberta das floras americana e oriental. Utilizadas na cura de doenças ou lesões, também visavam aos domínios do sexo, do sonho, do transe, da alucinação, da morte e do prazer. Comprar

Drogas: a história do proibicionismo (Autonomia Literária, 2019) - Henrique Carneiro
"Drogas: a história do proibicionismo" é uma extraordinária ferramenta para o entendimento dos processos históricos e sociais relacionados ao proibicionismo em sua curta e influente história. Esta obra abrange a proibição do tabaco na Europa, as guerras do ópio, as políticas antialcoólicas na França, Canadá, Estados Unidos e Rússia, a revolução psicoativa moderna (e seu parceiro, o capitalismo aditivo), as bases filosóficas do proibicionismo e a sociologia do uso de drogas. Compre na Amazon.

Referências:
CARNEIRO, Henrique. Comida e Sociedade: Uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 7 reimpressão.
CARNEIRO, Henrique S., Amores e sonhos da flora. Afrodisíacos e alucinógenos na botânicae na farmácia, São Paulo, Xamã, 2002.
MARIANA BROGLIA DE MOURA, HELIDACY MUNIZ CORRÊA. Entrevista com Henrique Carneiro.  Outros Tempos, vol. 14, n. 24, 2017 p. 266 - 272. ISSN: 1808-8031. Disponível em: (https://www.outrostempos.uema.br/OJS/index.php/outros_tempos_uema/article/view/610)

Borderline (2008)


Outros títulos: Borderline - Além dos Limites
Diretor: Lyne Charlebois
Duração: 110 minutos
País de origem: Canadá
Áudio: Inglês | Legenda: Português

Sinopse: A história de Kiki é mostrada em diferentes fases de sua vida. Com a mãe internada, ela é criada pela avó, que não se preocupa com ela. Seu refúgio é a escola. Sua vida antes dos 30 está bem longe de ser um conto de fadas. Ela se envolve com diversos homens, um após o outro. Sexo e álcool são suas únicas saídas e sua rotina. Mas aos 30 anos, Kiki enfrenta o maior de todos os desafios: aprender a amar a si mesma. Adaptação dos romances Borderline e La Brèche, da canadense Marie-Sissi Labrèche.

Sinceramente, filme que realmente retrata com mais convicção o transtorno limitrofe (borderline) é Allein (2004), esse é meio meh, o que temos aqui é sexo, Flashbacks, alguns inúteis, e um estudo sobre uma jovem que sente os erros cometidos por sua mãe e pela sociedade geral em forma de psicose, como um fio elétrico o qual quem as toca leva um choque ruim. Ela mantém um homem de meia-idade cativo aos seus extremos emocionais. Tcheky é casado, mas não se cansa da natureza selvagem de Kiki. Mikael (interpretado com muito êxito por Pierre-Luc Brilliant) é uma alternativa saudável a Tcheky, mas Kiki tem dificuldade em entender isso. Este é um dos poucos filmes recentes tenta abordar o transtorno.
De acordo com a Uol (2019): "Em contrapartida, existe um bom aproveitamento da fotogenia de Brasília nos exteriores. Em poucas palavras, um filme que fica entre o que é e o que poderia ser, que interessa mais pelo que se apontaria habitualmente como defeitos. Enfim, um filme borderline como seus personagens. Como eles, capaz de ser intenso, desajeitado, inesperado. Mas por isso mesmo nunca desprezível (apesar da direção tão irregular também dos atores)."
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Lilja 4-ever (2002)


Outros títulos: Para Sempre Lilya (brasil)
Diretor: Lukas Moodysson
Duração: 109 minutos
País de origem: Dinamarca | Suécia
Áudio: | Legenda: Português

Sinopse: Lilya (Oksana Akinshina) tem 16 anos e vive em um subúrbio pobre, em algum lugar da antiga União Soviética. Sua mãe mudou-se para os Estados Unidos, com seu novo marido, e Lilya espera que ela lhe envie algum dinheiro. Após algum tempo sem receber notícias nem qualquer quantia dela, Lilya é obrigada a se mudar para um pequeno apartamento, que não possui luz nem aquecimento. Desesperada, ela recebe o apoio de Volodya (Artyom Bogucharsky), um garoto de apenas 11 anos que de vez em quando dorme no sofá de Lilya. A situação muda quando Lilya se apaixona por Andrei (Pavel Ponomaryov), que a convida para iniciar uma nova vida na Suécia. Apesar da desconfiança de Volodya, Lilya aceita o convite e viaja com Andrei.

Primeiramente as melhores partes do filme são a trilha sonora, ou seja, Rammstein - Mein Herz Brennt combinada com a fotografia do clima.
Lilya 4-Ever é uma visão brutal de crescer quando as probabilidades estão contra você. A personagem-título, Lilya (Oksana Akinshina), é uma garota de 16 anos que vive nos cortiços queimados e quebrados que compreendem um pequeno canto do mundo "em algum lugar da antiga União Soviética". Abandonada por sua mãe (Lyubov Agapova), que voou para ficar com o namorado nos Estados Unidos, Lilya deve se defender. Seu único amigo é um garoto de 11 anos chamado Volodya (Artyom Bogucharsky). Juntos, os dois constroem fantasias elaboradas que lhes permitem escapar, ainda que temporariamente, da tristeza de suas vidas. Mas fantasiar é um passatempo inútil, e Lilya precisa de dinheiro para continuar vivendo em seu apartamento em ruínas.  Então ela conhece Andrei (Pavel Ponomaryov), um visitante da Suécia que passa um tempo com ela, mostra sua consideração e pede que ela volte com ele para o Ocidente. Ela está muito feliz,mas o que é óbvio para Volodya - o fato de Andrei ser bom demais para ser verdade - um fato que Lilya aprende tarde demais sozinha. 
A fotografia de Lilya 4-Ever é tão sombrio quanto o cenário é bonito. Moodysson descobriu alguns dos lugares mais cinzentos e desagradáveis ​​para a filmagem, e a maioria das cenas ao ar livre ocorre à noite ou quando o céu está nublado (o que particularmente acho lindo), gostei de verdade dessa sensação.
Lilya é uma mistura de resistência intransigente e inocência de olhos arregalados. Ela tem o conhecimento de alguém que fará o necessário para sobreviver, mas ainda se apega aos sonhos do príncipe encantado e faz suas orações todas as noites.
Nota no IMDB 7,8/10.
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Lua Vermelha: As Energias Criativas do Ciclo Menstrual [...] - Miranda Gray (Download livro)

GRAY, Miranda. Lua Vermelha: As Energias Critivas do Ciclo Mestrual Como Fonte de Empoderamento Sexual, Espiritual e Emocional. 1 Ed. Pensamento, 2017.

Em Lua Vermelha, Miranda Gray resgata a sabedoria do sagrado feminino para mostrar às mulheres modernas como elas podem voltar a aceitar a sua natureza cíclica e se reconciliar com todos os aspectos da feminilidade. Explorando arquétipos da menstruação e da condição feminina contidos na simbologia de mitos, lendas e contos de fadas, a autora oferece métodos e exercícios práticos para você entrar em sintonia com o seu ciclo menstrual, e assim impulsionar sua criatividade, viver sua sexualidade plenamente e aceitar as mudanças naturais do seu corpo e da sua vida.
Lua Vermelha é em grande parte repetitivo, passando por vezes a impressão de que 'ela já disse isso antes'. Apesar das constantes referências religiosas, os rituais contidos aqui não possuem um caráter mágico, mas muito mais psicológico: são viagens guiadas, muitas delas relacionadas a história que ela criara no começo do livro. Fala para mulheres e nada ou praticamente nada da relação destas para com seus maridos ou filhos: a proposta é que a mulher dedique-se e olhe para si neste momento.  (resenhaoculta, 2018).

“O conceito da lua como fonte do espírito criativo foi uma das ideias mais antigas expressas pela humanidade”
Uma coisa muito incrível é que Miranda tira a criatividade do lugar-comum de “dom”, algo distante e difícil, reservado só para alguns, e mostra que as energias criativas estão em tudo o que fazemos, de modo quase que instintivo, e nos permite expressarmos de alguma forma. Por exemplo, quando a gente vai cozinhar estamos colocando nossas energias criativas no processo: nossos dons, habilidades, visões, vontades, tudo isso estará nesse prato, que é um resultado da nossa expressão. Ou quando dançamos, temos uma relação sexual, fazemos algum trabalho - em tudo isso usamos nossa criatividade; dessa forma enxergamos a criatividade como algo próximo, intrínseco a todas as mulheres.

1 mês, 4 arquétipos: Donzela, Mãe, Feiticeira e Bruxa-Anciã
Miranda traz as quatro mulheres diferentes que somos ao longo do mês, assim como já falamos aqui no Blog, mas a grande novidade é que ela busca nos contos de fada e em histórias conhecidas arquétipos, facilitando e muito a reconhecer e entender o que essas personagens diferentes têm a nos ensinar e como podemos explorar da melhor maneira possível o potencial criativo de cada uma delas.
Estamos indicando Lua Vermelha pois ele estimula uma conexão e aceitação das diferentes energias que nos influenciam e que, às vezes, podem até nos levar a pensar que somos loucas, quando, na verdade, só nos mostra que não somos sempre a mesma. Na essência, somos essa inconstância mesmo, esse ciclo vivo que, quando compreendido e experimentado, percebemos que se trata de um presente ancestral que a natureza nos oferece todos os meses. É uma chance para experimentar, criar e viver coisas totalmente diferentes a cada nova fase (pantys).
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Klip (2012)


Outros títulos:  Clip
Diretor: Maja Miloš
Duração: 100 minutos
País de origem: Sérvia
Áudio: Sérvio | Legenda: Português (imperfeita)

Sinopse: Jasna é uma bela garota adolescente que leva a vida dura da geração do pós-guerra da Sérvia. Com o pai que tem uma doença terminal e uma mãe depressiva, ela está desiludida, tendo raiva de tudo e de todos, inclusive de si mesma. Apaixonando-se por um garoto da escola, ela mergulha num mundo de sexo e drogas, filmando tudo constantemente com seu telefone celular. Ainda assim, neste ambiente pesado, o amor e a ternura emergem.

Primeiro devo dizer que a legenda ptbr tá tipo tão ruim que tu vai querer xingar, e eu não posso fazer uma nova baseando na de inglês, se souber inglês, baixe e busque uma legenda inglês! Talvez encontre aqui no torrent. Mas eu fui obrigada a ajeitar a parte a qual eles falam sobre "qual seu signo" pro garoto, na legenda estava que seu signo era balança opa mas o correto seria Libra, e ela Gêmeos. Mesmo assim dá pra "pegar" o filme tranquilamente.
Vencedora do prêmio de melhor longa-metragem Tiger Award no Festival de Roterdã de 2012, a estreia de Maja Milos na direção do filme provocou polêmica no circuito do festival por seu visual gráfico. Parcialmente financiado pelo governo sérvio, leva o título da propensão de sua protagonista Jasna (Isidora Simijonovic) de 14 anos de idade e outros adolescentes sem futuro em um subúrbio abandonado na Sérvia. De acordo com o site filmmakermagazine a atriz tinha 16 anos quando o filme foi feito.
O filme termina como começou, é um recipiente vazio. E muitas vezes da nojo das atitudes da garota, apesar da doença terminal de seu pai, trata as pessoas da sua família da pior maneira. Persegue um namorado, que a humilha casualmente de maneiras físicas e emocionais. Ao mesmo tempo parece ser sua maneira de lidar. Gradualmente nos ocorre que estamos vislumbrando uma mulher vivendo nas garras de uma sociedade na decadência ética niilista mesquinha e da barbárie sexualizada. A única coisa que faz Jasna se sentir valiosa é dar um boquetão, logo depois percebe-se que ela mesma se sente mal, muitas vezes.
Não há muito enredo, e o desenvolvimento dos personagens são superficiais. Como se a principal preocupação do autor foi chocar e provocar o público através das cenas com menores de idade de erotismo explícito. Uma pena que a mudança não tenha ido mais longe com a história, e para no meio do caminho em comparação a filmes como "Kids (1995)". Vale a pena assistir? talvez não. A propósito, ela tem um pai muito doente e uma mãe preocupada, mas não dá a mínima para isso. Este filme mostra como a sociedade doente é descrita neste filme.
Klip é um filme Sérvio assim como "A Serbian Film", seria a Sérvia o buraco negro dos filmes violentos?
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Irréversible (2002)


Outros títulos: Irreversível
Diretor: Gaspar Noé
Duração: 94 minutos
País de origem: França
Áudio: Francês | Legenda: Português

Irreversível é o tipo de filme “ame ou odeie”! Polêmico, foi duramente criticado em Cannes, onde um dos críticos clamava “tomara que o tempo destrua esse filme” em referência a frase “O tempo destrói tudo”, evocada logo no início. O argentino Gaspar Noé já havia lançado um filme bem indigesto, Seul Contre Tous, onde já mostrava um estilo de cinema forte e contundente.
Logo no início de Irreversível, há uma referência a Seul Contre Tous, onde o personagem de Philippe Nahon aparece em um quarto fétido de um hotel decadente, dizendo a tal frase: “O tempo destrói tudo”. Logo depois somos levados a barulhos de uma sirene de ambulância, onde Marcus (Vincent Cassel) estava sendo socorrido de uma aparente briga. Narrado de trás pra frente, como já havíamos visto em Amnésia (Christopher Nolan), cada cena se desenrola e culmina na ação que inicia a cena anterior.
Vemos Marcus, acompanhado pelo amigo Pierre (Albert Dupontel), procurando desesperadamente por um homem chamado La Tênia (Jo Prestia). A boate gay Rectun é uma visita ao inferno, e logo de cara vemos a cena mais violenta do filme quando Tênia é encontrado. As cenas seguintes seguem mostrando a investigação da dupla de amigos, e o motivo da vingança; a famosa e repulsiva cena do estupro, onde Alex (Monica Bellucci) é abordada pelo tal La Tênia no túnel do metrô. A cena dura cerca de 10 minutos, e é construída com todos os requintes de crueldade para chocar o espectador, mesmo que exagerada e desnecessária, a cena causa, sim, impacto em quem a vê. Quem resistir a essa primeira metade, vai conhecer a parte mais amena e talvez mais doce do filme: o passado em comum do casal Marcus e Alex, e do amigo Pierre, ex-namorado de Alex, sem interferir na amizade do trio.
A fotografia em tons vermelhos, uma câmera trêmula que se justifica em cenas mais frenéticas, junto com uma pesada e ruidosa trilha que só contribui para essa sensação.
As diversas reações negativas ao filme impedem qualquer reflexão que ele possa proporcionar. A forma que o diretor escolheu, em narrar o filme de forma inversa, mostra que se os personagens “pudessem voltar atrás”, e as escolhas fossem outras, suas ações não culminariam em consequências desastrosas. Porém, não podemos mudar o passado, e nem prever o futuro por mais que possamos medir nossas atitudes, pois, como o próprio título diz, é Irreversível, afinal, “O tempo destrói tudo” (Boca do Inferno, 2015).
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Conto: O Misterioso Caso da Srª Izabelli

Por: KATERINE DUMONT

Quando o consultor criminal Saul que substituiu o Dr. Honorato depois de sua morte chegou à cena de um possível crime, se deparou com a cena mais inusitada de toda a sua vida: uma mulher completamente carbonizada, reduzida a cinzas, deitada sobre um colchão de palha sem nenhum dano causado pelo fogo.

Saul ficou pasmo com aquela cena e se perguntou: como era possível que aquela jovem mulher pegasse fogo sem que o colchão de palha onde ela dormisse fosse danificado pelo fogo?

Eis aí um mistério que intrigou o detetive consultor Saul. Como era possível que aquilo fosse possível – perguntou Saul a si mesmo – e não conseguiu encontrar nenhuma resposta. Este era com certeza o caso mais misterioso de toda a carreira de consultor criminal de Saul, e ele não fazia ideia do que levou aquela mulher ser completamente carbonizada sem que o colchão de palha onde ela dormia sequer fosse danificado pelo fogo.

Saul então pensou na hipótese mais simples, ou seja, aquela mulher foi morta por um assassino que colocou fogo em seu corpo e, depois de carbonizado, o pegou e o trouxe de volta para sua casa e o colocou em sua cama. Esta era a única explicação natural possível para aquela cena bizarra.

Saul então, junto com a equipe de policiais envolvidos no caso, começou a procurar nos arredores da casa lugares onde o corpo pudesse ter sido queimado, mas nenhum vestígio de cinza foi encontrado em toda a região; levando Saul à estaca zero novamente. Como aquilo havia acontecido?

Só havia uma única possibilidade plausível para aquela cena bizarra, mas ela havia sido descartada pela ausência de sinais de cinzas na região, e, além do mais, carregar um corpo carbonizado não lá algo muito simples de se fazer, era preciso ser um médico legista para fazer aquilo de forma tão bem executada; é preciso ter técnica e sutileza para não transformar o corpo carbonizado em cinzas. Portanto, a única hipótese plausível para aquele acontecimento misterioso não era consistente com as provas ou ausência delas na região.

Saul então pediu ao detetive chefe para convocar à delegacia todos os médicos legistas da região para uma entrevista, a fim de diminuir o número de suspeitos descartando-os com a confirmação de seus álibis. No entanto, como o corpo fora completamente carbonizado, ficou impossível determinar a hora da morte, mas o legista que analisou o corpo carbonizado deduziu que ela havia morrido naquele mesmo dia, pois o corpo, apesar de totalmente carbonizado, ainda apresentava certa estrutura óssea.

Saul então não tinha uma hora aproximada do crime, e teria que eliminar os álibis não com base na hora do crime, mas sim no dia, o que iria dificultar ainda mais a investigação.

Depois de a equipe entrevistar e conferir o álibi de oito médicos legistas atuantes na região, todos os álibis foram, um a um, confirmados com total segurança, pois havia provas e testemunhas de que nenhum dos oito médicos estava na cidade naquele dia.

Então Saul começou a pensar em quem mais teria habilidade e conhecimento o bastante para deslocar um corpo carbonizado com tamanha destreza. Se não era um médico legista atuante na região, então quem era?

Saul então pediu ao detetive encarregado da investigação para pedir a sua equipe para procurar no banco de dados da polícia algum médico legista que tivesse sido há pouco demitido ou que estivesse aposentado. Foram encontrados dois médicos legistas, um que havia acabado de ser demitido e o outro que havia acabado de se aposentar. Depois de entrevistar e interrogar cada um deles e conferir seus álibis, mais uma vez não havia nada que desabonasse a atitude de qualquer um dos dois. E Saul novamente voltou à estaca zero. Ele tinha nas mãos um crime misterioso para solucionar, mas não tinha nenhum suspeito, pois todos haviam sido descartados.

Então quem havia feito àquela coisa horrível com a senhorita Izabelli se não existia nenhum suspeito do crime?

Foi então que Saul pensou: quando o número de suspeitos de um crime é igual à zero, como neste caso, então se deve investigar a própria vitima, e Saul então deu início a uma grande investigação da vida da senhorita Izabelli, e acabou descobrindo que ela era uma alcoólatra veterana e que, antes de sua morte, seu corpo já estava inchado de tanto álcool ingerido por ela.

Neste instante Saul teve um insight e disse ao detetive que havia resolvido o caso. E completou dizendo de forma magnetizante e eloquente que não havia ocorrido nenhum crime ali. Aquela mulher não havia sido assassinada por ninguém, a não ser por ela mesma, pois a sua ingestão de álcool excessiva levou seu corpo, que é um sistema elétrico-químico a produzir uma combustão humana espontânea.

Seu corpo foi destruído parcialmente pelo fogo, e quando suas roupas ficaram encharcadas com a sua própria gordura, funcionou como um pavio de vela. Devido ao excesso de álcool em seu corpo, o funcionamento elétrico-químico de seu corpo fez a sua gordura entrar em combustão. O seu corpo vestido funcionou como uma vela do avesso, e a gordura do seu corpo foi o combustível do fogo do lado de dentro e a suas vestes do lado de fora funcionaram como um pavio. Portanto, o suprimento contínuo de gordura do corpo (que contém grande quantidade de energia) da pobre Srª Izabelli que unido ao álcool excessivo em seu corpo e suas vestes fê-la se transformar em cinzas.

Enquanto a jovem dormia sob o torpor do álcool em seu corpo, as atividades elétrico-químicas de seu cérebro e de todo o seu corpo levou a uma rápida oxidação de suas células biológicas provocando assim a sua combustão espontânea, queimando-a de dentro para fora, por isso o colchão de palha não foi atingido pelo fogo. Caso encerrado – disse Saul olhando para o detetive – que ficara completamente boquiaberto.

Allein (2004)


Outros títulos: Solitária (Português)
Diretor: Thomas Durchschlag
Duração: 88 minutos
País de origem: Alemanha
Áudio: Alemão |  Legenda: Português

Quando o diretor Thomas Durchschlang falou sobre o filme no Festival Mac-Ophuls na Alemanha, ele afirmou que após ser confrontado sobre o assunto transtorno de personalidade limítrofe (Borderline) ele tentou descobrir o que levaria uma pessoa a se machucar constantemente, o filme então representou a resposta para essa questão.
Por mais paradoxal que isso soe, a resposta não é dada no decorrer do filme. Ao invés disso, vemos uma abordagem inteligente e sutil para o problema, sugeriu possíveis respostas mas eventualmente nos deixou formar nossa própria opinião.
O personagem principal é uma estudante chamada Maria, que sofre do referido distúrbio de personalidade. Citando o autor novamente, o fato fascinante sobre os pacientes limítrofes é que eles experimentam os mesmos sentimentos de dúvida e ódio que todo mundo conhece uma vez ou outra - a diferença é que, para eles, isso simplesmente não desaparece. Ainda assim, até certo ponto, é muito fácil se relacionar com as ações de Maria, pois ela procura um significado em sua vida e é incapaz de encontrar um. O principal recurso para Maria escapar de seus sentimentos é substituí-los pela dor, que ela inflige a si mesma de tantas maneiras diferentes que não é fácil nem mesmo identificar todos eles. A dor física é a mais óbvia, tipo quando ela se corta com uma lâmina de barbear, mas o abuso emocional ocorre com muito mais frequência: ela tem várias relações em uma noite com estranhos completos, ilustrando como seu sentimento de autoestima é quase inexistente. Há noites de bebida e discoteca, sem significado nem prazer nelas. É assim que ela age quando alguém tenta confortá-la, afastando essas tentativas sem reconhecer que este é um sinal de alguém cuidando dela. Mas também há momentos felizes. A história começa a se desenrolar quando ela conhece Jan, um aluno um pouco desajeitado (mas muito gentil e atencioso) que está estudando veterinária. No começo, ela não quer se envolver com ele, mas acaba cedendo e, pela primeira vez em sua vida, experimenta calor e um relacionamento saudável. Eles se divertem muito durante um fim de semana na praia, e Maria tenta controlar sua vida abandonando seus velhos hábitos. Infelizmente, mas inevitavelmente, ela descobre que isso não é tão fácil. As coisas começam a piorar, por exemplo, quando ela para de ver seu terapeuta, pois, como ela afirma, "Jan está cuidando de mim". Fica pior quando Jan sai por uma semana para visitar um acampamento de cientistas na Holanda para estudar o comportamento dos chimpanzés - mesmo com a ajuda de sua amiga Sarah, Maria não é capaz de evitar ser sugada novamente pelos velhos padrões autodestrutivos. 
Apesar do roteiro ser bom, não acho que o filme teria funcionado sem sua atuação excelente, especialmente da atriz principal Lavinia Wilson, que administra um retrato absolutamente convincente de Maria e seus vários problemas.  Talvez a desvantagem seria as cenas muito gráficas, dependendo do público, e pode ser bem deprimente (mas por isso está aqui, e também porque é um filme raro e perdido de encontrar). Nota do filme tá em 6,8 / 10
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