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Ayahuasca: Um psicoativo em rituais indígenas


De acordo Lebate (2002):
Desde as duas últimas décadas do século XX, uma nova forma de consumo de alucinógenos foi difundida, da Amazônia para as grandes cidades brasileiras e, a partir do Brasil, para diversos países do mundo. Esse novo consumo caracterizou-se por um sentido religioso, através de diversos cultos sincréticos, [...].
A ayahuasca, também conhecida pelos nomes de Santo Daime e Vegetal, é uma bebida composta de duas plantas, o cipó (Banisteriopsis caapi) e a Rubiácea (Psychotria viridis), fervidas juntas durante muitas horas. As substâncias psicoativas nela presente são a DMT (da Psychotria) e a Harmina, Harmalina e Tetrahidroharmina (da Banisteriopsis). A DMT é inativa oralmente e, portanto, apenas sua mistura com um inibidor da monoaminaoxidase (IMAO) pode permitir que seu efeito psicoativo se manifeste. A descoberta dessa combinação sinérgica entre duas plantas é uma das realizações etnobotânicas mais significativas das culturas indígenas e um dos fatos que mais intrigou os cientistas. Já houve até mesmo tentativas de patenteamento, nos Estados Unidos, dessa fórmula do saber fitoquímico dos povos amazônicos - tais tentativas que foram impedidas pela reação das comunidades indígenas.

Ayahuasca
A expansão do uso dessa bebida amazônica psicoativa chamada Ayahuasca (termo de origem quíchua, significando “cipó ou liana das almas”) para além das populações indígenas e mestiças da Amazônia vem sendo considerada o fenômeno mais importante da cultura das drogas enteogênicas (substâncias psicoativas consideradas sagradas) na última década.

Martinez (2009) cita:
Ayahuasca é uma palavra de origem indígena (aya = pessoa morta, alma, espírito e waska = corda, liana, cipó ou vinho) que é traduzida do quíchua como cipó dos mortos, cipó dos espíritos, corda dos mortos, corda dos espíritos, liana das almas ou vinho dos mortos.
Os efeitos da bebida variam conforme o método de preparação, o contexto na qual a bebida é consumida, a quantidade ingerida, o número e o tipo de misturas. Alucinações visuais, diarréia e vômito  podem ser observados com o uso regular da ayahuasca e taquicardia e morte em casos de intoxicação.
O consumo da ayahuasca produz visões que variam segundo a atitude dos apreciadores desta bebida. Quando as visões são complexas e existe um alto grau de envolvimento dos consumidores da ayahuasca, eles podem interagir ativamente com suas visões e desempenhar atos associados a elas.

Do consumo ritual da ayahuasca nasceram diferentes cultos/religiões: o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal (UDV). O Santo Daime foi fundado por Raimundo Irineu Serra em 1930 nas regiões fronteiriças do Acre e de Rondônia com a Bolívia. Este culto  nasceu após a ingestão da ayahuasca por Raimundo Irineu, que teve uma visão de uma mulher que dizia ser a virgem da Conceição e que  transmitiria seus ensinamentos para que ele criasse uma doutrina.
Preparação
Enquanto na Europa as plantas alucinógenas foram usadas para práticas de feitiçaria e adivinhações, no Brasil o consumo de espécies alucinógenas usadas em rituais indígenas, deu origem ao desenvolvimento de diversos cultos e religiões. Pode-se observar que o consumo de plantas brasileiras levava a alucinações visuais e as solanáceas a alucinações sensitivas.
Embora plantas alucinógenas continuem sendo usadas em todo o mundo, inclusive em cultos religiosos, o uso de plantas vem dando lugar aos alcaloides sintéticos.

Há relatos de pessoas que já tomaram e contaram, um deles foi de Gustavo, no site Muita Viagem (2014):

[...] Eu estava sozinho em uma cabana sem energia elétrica, mas quando o Ayahuasca começou a fazer efeito alucinógeno, sabia que tinha mais sete seres no quarto, entre entidades boas e malvados. Mandei todo mundo tomar no cu sem distinção: podem ficar aí que eu nunca vi tantas cores. E tudo brilhava. [...] O passado, o presente e o futuro se misturam. [...] Fiquei de pé e quase caí, o desequilíbrio era muito grande.  Perdi a noção de proporção, do meu tamanho no mundo.  Meus olhos pediram para fechar, e quando fechei, uma explosão de cores muito, muito intensa. [...] Para ver completo clique aqui.

"De olhos fechados, as visões são bem assim..." (Muita viagem, 2014)

Fonte: quantumkool

Referências:
LABATE, Beatriz Caiuby; ARAÚJO, Wladimyr Sena. O uso ritual da ayahuasca. 2002.

MARTINEZ, Sabrina T.; ALMEIDA, Márcia R.; PINTO, Angelo C. Alucinógenos naturais: um voo da Europa Medieval ao Brasil. Quim. Nova, v. 32, n. 9, p. 2501-2507, 2009.

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