A evolução cultural em todos os povos produziu um paulatino distanciamento das técnicas xamânicas e, sobretudo, do uso das plantas alucinógenas. Esta tendência foi levada ao extremo de considerar estas plantas como “tóxicas” ou “diabólicas” e seu uso é proscrito em quase todo o mundo moderno. Todavia, desde fins do século passado, muitos ocidentais têm incursionado novamente no consumo destas substâncias, buscando uma resposta aos grandes problemas da civilização industrial (Zuluaga, 2002).
Tóxicos são as inúmeras drogas químico-farmacêuticas sintéticas que combatem provisoriamente o efeito das doenças e não suas causas. E, muitas vezes, ocasionam efeitos colaterais e dependência físico-mental, principalmente quando mal administradas (Gregorim, 1991). Deixando o organismo com menos resistência para um possível retorno da mesma doença, cada vez doente, o organismo necessita de uma maior quantidade de medicamento.
As conclusões a seguir foram retiradas do trabalho de Thiago Martins (2006):
Com o desenvolvimento da ciência e tecnologia, a divisão dos componentes do corpo humano na medicina tornou-se muito mais comum. Os médicos tradicionais modernos sabem muito mais sobre muito menos. Esse desenvolvimento também causou uma divisão do ser humano em espírito e matéria, onde o campo material foi privilegiado, ocasionando certo esquecimento da importância do espírito para uma boa saúde.
Assim, a Ayahuasca mostra-se como remédio em potencial, pois, induzindo a uma evolução espiritual, as mudanças de hábitos e sentimentos favorecem a uma vida mais saudável em todos os aspectos. São inúmeros casos de dependentes químicos que conseguiram livrar-se do vício após o com a bebida. Além disso, na maioria das vezes ocorre uma mudança de atitude em relação ao próximo e à natureza, devido a um despertar do amor crístico, que seria o redescobrimento dos ensinamentos de Cristo e amor a Deus e ao próximo na prática. Podendo, nesse sentido, ser usado no sentido terapêutico, além do religioso, o que vem ocorrendo cada vez mais.
Vale ressaltar que não apenas as Plantas de Poder podem proporcionar esse êxtase desejado há milênios pela natureza humana. Práticas iogues, meditações, rezas fervorosas, jejum e técnicas de respiração são apenas alguns dos tantos outros meios para atingir esse transe. Entretanto, as Plantas
de Poder aparecem como um caminho mais curto e profundo para essa finalidade.
A modernidade representa o cenário que propaga o discurso por meio do qual os vínculos que sustentavam a relação corpo e natureza sofreram uma cisão. Com isto sugere-se que, no quadro moderno, houve um redimensionamento da relação homem-natureza.
Referências:
ZULUAGA, G. A Cultura do Yagé, Um Caminho de Índios, In: O Uso Ritual da Ayahuasca, LABATE, B. C. & ARAÚLO, W. S. (orgs.), Campinas, SP, 2002.
GREGORIM, G. Santo Daime: Estudos sobre Simbolismo, Doutrina e Povo de Juramidam, Editora Ícone, São Paulo, 1991.
Thiago Martins e Silva, Trabalho Final de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Florestal como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Florestal . PROPAGAÇÃO VEGETATIVA E ESTABELECIMENTO EM CERRADO DE Banisteriopsis caapi. 2006. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília.
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