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TICUNA - Do Xamanismo à proibição Jesuíta

Sobre os Ticuna

Os Ticuna formam uma sociedade ameríndia de cerca de 50 mil pessoas, repartidas entre a terra do alto e a terra do baixo, em território brasileiro. Seu modo de organização social ainda hoje implica grande mobilidade, em razão da residência uxorilocal (segundo a qual os novos casais habitam junto à família da esposa), de cisões, práticas xamânicas, movimentos messiânicos e da situação socioeconômica. Os ticuna se encontram hoje em dois conjuntos territoriais, um deles correspondente às margens esquerda e direita do rio Amazonas, no Peru e Colômbia, e outro, mas bacias dos rios Cotuhué (Colômbia) e Putumayo (Colômbia e Peru).
Tanto no Peru como na Colômbia, os ticuna se confrontam há décadas com intrusões do undo exterior, como a proliferação de madeireiros e de frentes colonizadoras e movimentos religiosos que levam a práticas sociais e culturais dificilmente compatíveis com as suas.
As árvores ocupamum lugar de qualidade para os Ticuna, eles tinham concepção integradas no sistema da selva e um profundo significado que representavam, como a samaumeira, umari, açaizal, tueruma, e assim os mitos dos protetores das árvores chamados nanatu (dono, pai e mãe das árvores), como o Wuwuru, Curupira, Mapinguari, Daiyae, Beru... ( RICARDO e  RICARDO, 2011).
Fonte: Huttner (2007)

Vuórekê-djê-ê (Festa da Moça Nova)

podemos reconhecer os Ticuna caminhando em suas comunidades à beira dos rios, em alguma esquina da metrópole Manaus, mas não os conheceremos sem o ritual. O ritual da Festa da Moça-Nova representa, até hoje, a maiors manifestação da expressão da religiosidade Ticuna praticada em algumas aldeias do Alto Solimões;
Relato da Vuórekê-djê-ê:
Ao atingir a idade de 14 anos, a jovem ticuna é afastada do convívio da aldeia, ficando por vários meses recolhida. Aí a índia aprende a confeccionar redes com os mais variados tipos de árvores, escuta ensinamentos transmitidos por parentes e anciãos sobre boas condutas, crenças e tradições. O término desta fase é marcado pelo início da festa do "ritual da depilação", quando a jovem é transportada para um cubículo chamado de turi (cercado arredondado feito de fibras de  palmeira-buriti). Agora os familiares da iniciante e toda a aldeia fazem uma festa. É uma festa de três dias com refeições, bebe-se a principal bebida pajuaru, vários cantos são entoados e rimados no balanço das danças das máscaras. À meia-noite do terceiro para o quarto dia, o cubículo é derrubado por pessoas escolhidas da aldeia. Índios mascarados investem contra a jovem indefesa que necessita de proteção. A jovem retirada do cubículo é rodeada de parentes que a envolvem numa dança que vara a madrugada até o meio-dia. Exausta, é colocada no centro da casa de festa, sentada sobre uma esteira, enquanto anciãs arrancam seus cabelos pouco a pouco.  Enquanto depilam, é oferecido caiçuma para se embriagar. Ao terminar o ritual da depilação, a cabeça da jovem é coberta de tinta (misura de Urucum e seiva da árvore do tururi-vermelho), e depois colocam uma coroa feita com penas de arara vermelha. Assim dá-se por concluído o ritual da Festa da Moça Nova, que é celebrada na continuidade da dança das máscaras, mas agora com a jovem abraçada com seus parentes, preparada para o convívio da aldeia.
[...]
O mito da criação, como esta festa ritual - Vuórekê-djê-ê, mostra a tradição, a cultura, o sagrado do povo Ticuna, de um povo em sintonia com a natureza, a ecologia. Eram os galhos da samaumeira que cobriam o mundo dos heróis Yo'i e Ipi revelando um tempo sem noite, nem dia, A jovem Ticuna se transforma em meio à natureza, como parte integrante dela.

Ticuna e Xamanismo

Entre os Ticuna, o poder da cura está aliado à relação dos espíritos das árvores com o xamã (o curandeiro, feiticeiro) que os invoca para agir em benefício da coletividade, de cada índio doente. Segundo Ari Oro, 'O termo Ticuna para xamã é dy 'uvita. este podia agir como curandeiro (homem-medicina), através de plantas medicinais e outras substâncias, ou como feiticeiro (bruxo), por meio da magia negra. Os dois papéis do dy'uvita eram expressos diferentemente pelos Tucuna: dy'o:wu:e para curandeiro no:ke:wu:e para feiticeiro". 
(ORO, A. Tucuna: vida ou morte, op. cit., p. 83.)

Segundo Hoornaert (1994), o Xamanismo apresenta três características: a) O xamã vive num mundo imperfeito e em contínua crise. Suas visões se aperfeiçoam com o passar do tempo, na circunstância do dado histórico. Sua ação acontece quando exige uma intervenção imediata de ordem individual (doenças), de ordem social (guerras). "É o homem dos momentos difíceis"; b) O xamã está a serviço da comunidade humana e não dos deuses. Não está voltado para o mundo divino como liturgo, por isso não se agarra a nenhuma divindade. Sua devoção está voltada para o povo; c) Sua ação visa apropriar-se dos espíritos para colocá-las a serviço da libertação das pessoas e quebrar todas as amarras que interferem na aldeia. "enfim, o xamanismo se baseia num personalismo livre e sadio que corresponde ao modo de viver dos grupos nômades. [...] O xamã não pratica uma estratégia totalitária e, no fundo, não exerce nenhum poder de tipo político. Sua autoridade é de ordem simbólica. É autoridade sem poder. Exatamente por isso, defende com tanta garra a herança simbólica do grupo: os ritos e os mitos, as danças e cerimônias". 
(HOONAERT, E. História do cristianismo na America Latina e no Caribe. São Paulo: Paulus, 1994, p. 384).

A missão de Jesuítas na Amazônia

A Companhia de Jesus, idealizada por Inácio de Loyola sob o lema Ad maiorem Dei gloriam, teve suas regras aprovadas em 1540 pelo papa Paulo III. Caracterizou-se pela preparação dos membros em via espiritual e profissional para a missão, além das fronteiras do mundo cristão.
Os primeiros contatos dos missionários com os povos indígenas no rio das amazonas foram feitos a bordo dos barcos das coroas ibéricas, de modo que a missão teve que remar contra as correntezas da ideologia mercantilista e expansionista. A missão dos Jesuítas dependia das leis estabelecidas pelas duas Coroasm de outra representava o reconhecimento de novas fronteiras.

A Irmandade da Cruz
No ano de 1972, José da Cruz implanta a Ordem Cruzada Católica, Apostólica e Evangélica (OCCAE) nas comunidades ribeirinhas e nas aldeias Ticuna do Alto Solimões.
O impacto da OCCAE sobre brancos e índios deve-se à pregação e às exigências feitas nas comunidades.
A maior parte dos Ticuna do Solimões decidiu seguir o movimento do irmão José dentro dos pressupostos de todas as suas normas, doutrinas, bem como a exigência de um novo estilo de comunidade orientada pelo signo da cruz. [...] O movimento da Cruz não teve vínculo com a igreja católica, visto que em seus estatutos não admitem que seus membros participem de outra religião. A ruptura que se estabeleceu com a Igreja Católica, segundo Ari Oro, foi pelo fato de que os missionários capuchinhos negaram o sacramento do batismo aos Ticuna da OCCAE, o que levou o fundador a institucionalizar a figura do sacerdote. Outro aspecto é que os Ticuna da Cruz não reconheceram os Ticuna católicos, pois não se consideravam como índios. [...] A irmandade da Cruz proibiu a festa da moça nova em suas comunidades. Na entrevista que o autor fez com o irmão Valter das Nevez Cruz, perguntou-lhe o por quê dessa proibição. Ele disse: "nossa irmandade não permite, pois se você quiser pertencer à Cruz, deve deixar de lado as festas e as bebidas, por isso nós proibimos". 👎👏😒

Texto: (HUTTNER, 2007).

Referências:
BETO RICARDO e FANY RICARDO. Povos indígenas no Brasil: 2006/2010. são Paulo: Instituto socioambiental, 2011.
Huttner, Édson. A Igreja Católica e os povos indígenas do Brasil: os Ticuna da Amazônia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.

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