Outros títulos: Trainspotting: Sem Limites
Diretor: Danny Boyle
Duração: 94 minutos
País de origem: Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
Áudio: Inglês | Legenda: Português
Sinopse: Um retrato da juventude viciada de Edimburgo, capital da Escócia. Focado na vida de Mark Renton (Ewan McGregor), um rapaz que escolhe viver assumidamente como um viciado em heroína e deixa de lado os padrões da sociedade. Ao lado de seus amigos – Sick Boy (Jonny Lee Miller), Tommy (Kevin McKidd), Spud (Ewen Bremner) e Begbie (Robert Carlyle) – ele curte futebol e usar sua droga favorita o tempo todo. Cada um desses personagens peculiares tem uma história diferente, ora divertida, ora dramática, e todas elas se cruzam por conta do vício. Renton vai além dos limites o tempo todo e isso tem um preço. Cabe ao rapaz e a seus amigos tomar as rédeas de suas vidas e sair dessa. Mas será que eles querem realmente viver assim?
"Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha lavadoras de roupa, carros, CD players e abridores de latas elétricos. Escolha boa saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha uma hipoteca a juros fixos. Escolha sua primeira casa. Escolha seus amigos. Escolha roupas esporte e malas combinando. Escolha um terno numa variedade de tecidos. Escolha fazer consertos em casa e pensar na vida domingo de manhã. Escolha sentar-se no sofá e ficar vendo game shows chatos na TV enfiando porcaria na sua boca. Escolha apodrecer no final, beber num lar que envergonha os filhos egoístas que pôs no mundo para substituí-lo. Escolha o seu futuro. Escolha viver."
Para quem não sabe (eu não sabia té escrever esse post) há um novo filme chamado T2 Trainspotting (2017): "essa sequência parece não ser um retorno apenas por fins comerciais, como a maioria de reboots, remakes e spin-offs hollywoodianos. T2 visa a todo o momento se perguntar por que está de volta: por nostalgia (um aconchego emocional), por vingança ou reparação? Esses são motes que motivam a viagem de T2."
Boyle busca representar as sensações proporcionadas pelo consumo de substâncias entorpecentes, como a adrenalina, o êxtase, a angústia e as alucinações. O diretor é muito bem-sucedido em sua escolha, fazendo com que o espectador divida com os personagens uma experiência intensa e de grande amplitude emocional. Esta escolha permite também a criação de momentos visualmente marcantes, que adentram o terreno do surreal, como o mergulho de Renton na privada do “pior banheiro de toda a Escócia”, ou quando o personagem literalmente se afunda no vício e no tapete da sala de seu fornecedor, interpretado pelo ótimo Peter Mullan. Muitas destas sequências podem ser consideradas desagradáveis, como a do bebê morto de uma das usuárias de heroína (mais tarde uma semelhança com bebê de vítima no filme Ex Drummer (2007)) ou o incidente intestinal de Spud na casa da namorada, mas Boyle as retrata sem pudor. Com isso o diretor se mantém fiel à sua fonte criativa, a obra de Welsh, inclusive em outros detalhes, como as particularidades da cultura escocesa (as gírias e o forte sotaque local, por exemplo).
Esta sintonia é fundamental, pois mais do que um filme sobre o mundo das drogas, Trainspotting é um filme sobre amizade. Um tipo de amizade errática, que parece surgir apenas nos momentos de necessidade causados pelo vício, mas que de algum modo exerce grande força sobre os personagens. Personagens que são, sem exceções, figuras amorais e autodestrutivas, de difícil identificação com o público. Características que criam uma barreira de empatia, superada pela já citada qualidade do elenco, e também pelo modo sem julgamentos com o qual Boyle expõe estas figuras, mostrando suas ações e consequências sem estabelecer limites de certo e errado.
Por fim temos outro importante e influente elemento, a trilha sonora, que vai de Iggy Pop ao grupo Underworld, cujo single “Born Slippy” se tornou um hit e marca registrada do filme, que também retrata a mudança cultural dos anos 90, quando as festas de rock e as drogas “clássicas” deram lugar à cena da música eletrônica e das drogas sintéticas. Tudo isso faz de Trainspotting um trabalho emblemático de uma época, que apesar de sofrer um pouco com o desgaste de seu estilo muito imitado e da carreira instável que Danny Boyle construiria a seguir, possui um impacto inegável (papo de cinema).
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