⚠️ IMPORTANTE: CAPRICORNUS contém alguns filmes raros, que tiveram legenda sincronizada, outros traduções para o português, deu trabalho pra tá aqui ent vai roubar conteúdo da puta que te pariu sem dar os créditos. ~ Siga a gente! Os filmes tem limite de visualização mensal, caso não consiga, tentar próximo mês.

O Folclore do Saci

O saci-pererê é um negrinho de uma perna só, ágil, astuto, atrevido. Gosta de fumar cachimbo. Usa uma carapuça vermelha. Perturba a vida doméstica, apagando o fogo e queimando os alimentos (Brasil: historias, costumes e lendas, 1987).

Conforme Faleiro (2010): Assim como a maioria das lendas brasileira, tem influência europeia e africana, misturada com influência indígena. Mas tem nossas características. A lenda do Saci teve início por volta do século XVIII. Aqui no Brasil em 2005, foi criado o dia do Saci, dia 31 de outubro. Uma forma que nossos governantes encontraram para valorizar mais o folclore nacional e tentar diminuir a influência norte-americana, onde o Halloween é festejado no mesmo dia em comemoração ao dia das bruxas, herança dos imigrantes irlandeses, que lá chegaram em meados do século XIX. O Saci BR é uma criança, um negrinho de uma perna só, herança da influência africana. Durante a escravidão as ama-secas, juntamente com os caboclos velhos, contavam para as crianças brancas e negras casos das travessuras desse neguinho chamado Saci, que assustava e amedrontava as crianças.
Seu nome no Brasil é de origem tupi-guarani. Existem  três nomes e tipos de Sacis. São eles:
💬 O Saci Pererê: um moleque neguinho, tão preto que chega a luminar, de uma perna só, usa um gorro vermelho na cabeça e está quase sempre com um cachimbo na boca, é um moleque muito travesso, adora fazer toda espécie de travessuras.
💬 O Saci Trique: este é um Saci  mais comportado, é um garoto moreno, um mulato; também muito brincalhão, mas não tão travesso com os pererês.
💬 O Saci-Saçura: esse sim! Segundo a lenda, é o pior de todos eles, também é negro, tem uma perna só, usa o gorro vermelho, fuma cachimbo sem parar e tem os olhos vermelhos, e muito, mas muitomais travesso que todos os outros juntos.
Segundo contam, este Saci se transforma numa ave chamada Matiaperê e tem um assobio melancólico difícil de ser identificado de onde vem. É muito difícil encontrar essa ave, ela só vive em matas muito fechadas e smepre pousa nas copas das árvores mais altas... Senso assim quase impossível encontrar esse Saçura.

"Há ainda Em 1917 o Saci não era só travesso. Ele tinha chifres, dentes pontudos pra sugar sangue dos cavalos, e atacava as pessoas com porretadas ou cócegas até a morte" (medob, 2012).

Segundo contam as lendas, todos os Sacis perderam uma das pernas lutando capoeira; usam um pito, uma espécie de cachimbo, que eles mesmos fazem.[...] Com os humanos se divertem escondendo objetos, aumentando o fogo e queimando algo etc. Contam nossas lendas, que sua vida tem duração de setenta e sete anos (77) porém sua fisionomia não muda, permanece como um moleque a vida toda. Quando morrem, eles viram cogumelos venenosos ou orelhas de pau. O Saci não faz maldades grandes, porém não há maldade pequena que ele não faça (FALEIRO, 2010).
Brazilian Folklore II by tieche

LOBATO (2008, p.95) nos repassa Saci como:
Nesse povo laborioso e ordeiro, a crendice nos espantalhos da noite é enorme; e o Saci, que é o coração que alimenta três artérias - o 'Lobisomem', o 'cavalo-sem-cabeça' e a 'bruxa' - preside condignamente o 'diretório' da sua crença de medo.
Entre os caipiras, que são de duas espécies: os 'praianos' e os 'sertanejos, o Saci é conhecido sob diversas formas. O Saci da beira-mar, segundo os 'entendidos', é um negrinho perneta que lança fogo pela boca e usa barrete vermelho.
A pior hora para o crédulo é à meia-noite. Aí cuidado com as redes de pesca, fachos e lanternas; até as duas horas assobia 'saci'-pererê', num diapasão tão forte que até abala as casas e faz estremecer o solo.
A figuração do Saci sofre muitas variantes. Cada qual o vê a seu modo. Existem, todavia, traços comuns sobre os quais a opinião é quase unânime; uma perna só, olhos de fogo, carapuça vermelha, ar brejeiro, andar pinoteante, cheiro a enxofre, aspecto de meninote... Um misto de medo e simpatia que meninos peraltas consagram ao Saci.

Depoimento do senhor Otávio Augusto (Lobato, 2008, p. 108):
"O Saci é uma graciosa e espiritual concepção, genuinamente nossa. Nasceu da natureza brasílica com a mesma espontaneidade com que surgiram significações como sabiá e a palmeira, a paçoca e o jogo do bicho, porém mais significativos, traduz elementos próprios, característicos do meio, e a grandeza rude da natureza. Resulta da mentalidade fetichista e impulsiva do caboclo, modificada pelo animismo e doçura do africano, repassada da ironia geral do sertanejo, negro ou jagunço, índio ou estrangeiro de origem. Para Otávio é como o sobrinho do Pedro Malazarte.

Depoimento e um anônimo (Lobato, 2008, p.127):
Afirmam os velhos africanos escravos que o diabo, em certo dia, resolveu dar uma grande festa no Inferno. E foi de tal porte o forrobodó, prodigalizou-se tanta cachaça, que nem sequer o porteiro escapou a uma grande carraspana. Ora, à saída dos convivas, aproveitando-se desta circunstância, muitos diabinhos escapuliram cá para a terra. Furioso, o diabo deu-lhe caça, agarrando todos menos um, o Saci, que não obstante ter uma perna só, ainda hoje zomba do filho das trevas, graças à sua astúcia e agilidade inexcedíveis.
As primeiras aparições do Saci deram-se no tempo da escravatura, nas grandes fazendas, cujos proprietários eram senhores de muitos cativos. O incorrigível demônio tinha grande predileção pelos monjolos, senzalas, os sambas e batuques dos pretos. A carapuça do Saci tem uma importância capital. Quem lhe deu foi o Eterno. Graças e ela, o terrível traquinas torna-se invisível aos olhos do Diabo. Assim até hoje não foi ainda apanhado.

O Saci, presente no inquérito feito por Lobato.

Depoimento de um Casmurro (Lobato, 2008, p. 149):
Sou um excêntrico, pessimista em extremo, muito alheio às coisas deste caos; semi-religioso e creio em Deus; pago as dívidas, não dou esmola. Porém o inquérito sobre o Saci me despertou la curiosité. Não sou fantasista, senhor L., nem gosto de tecer lendas. O que lhe vou contar é a pura verdade. Nesse tempo, de infância, eu vivia no aconchego do meu próprio lar, na vila de... Hoje termo de Lambari, Minas.

LOBATO, Monteiro. O Saci-pererê: resultado de um inquérito. 2008.
De acordo com Paiva e Anastasia (2002), Das entidades africanas destacam-se Quibungo e Gunucô, de origem banto, é, no folclore haitiano, um menino veloz que corre, á noite, buscando vítimas. No Brasil, a entidade, malévola, tem uma cabeça enorme e um grande buraco nas costas onde joga as crianças para, depois devorá-las. [...] os autores citam ainda que, o saci-pererê tem também muito de Exu, o senhor dos caminhos, que na África, era associado, por algumas tribos, à imagem de um menino irresponsável que se divertia aprontando toda a sorte de confusões. [...] A escolha recaiu sobre Exu em razão de seu fácil relaiconamento com os huanos e da sua maior proximidade com eles, já que a entidade era responsável pela ligação do mundo espiritual ao material.
O saci lembra também Yací Yaterê paraguaio, uruguaio ou argentino. O saci-pererê tem também muito dos duendes europeus.

Saci by cbaseggio
Nada mais justo que encontrar uma Saci, pro Saci, né?
Saci Imagem: gorstifolio

1ª imagem Saci: deviantart.com/amokdreams/
Brasil: histórias, costumes e lendas. Vel. 2. Editora Treŝ, 1987. Original de Universidade do Texas.
LOBATO, Monteiro. O Saci-pererê: resultado de um inquérito. 1 Ed. São Paulo: Globo, 2008.
FALEIRO, Angelita. Desbravando nosso Folclore. 1 Ed. São Paulo: Biblioteca14horas, 2010.
PAIVA, Eduardo França; ANASTASIA, Carla Maria Junho. O trabalho mestiço: maneiras de pensar e formas de viver, séculos XVI a XIX. 1 Ed. São Paulo: Annablume: PPGH/UFMG, 2002. 530 p.

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