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Drácula 1897 (Bram Stoker )


O tema sobre vampiros ficou saturado e o cinema parece não conseguir mais se reinventar quando se trata de contar uma nova história sobre os chupadores de sangue. Nos últimos anos  a trilogia de Blade, a franquia de Anjos da Noite e  Rainha dos Condenados (2003) confirmam a falta de criatividade em torno da lenda, mas esses filmes foram bem mais relevantes em comparação A saga Crepúsculo, que inova da pior forma possível, transformando os vampiros em criaturas meigas, astros pop, que ilustram bem o hype da modinha, acho que se querem inovar em algo, inovem tudo, inventem novos tipos de fadas, e não transformar os clássicos em nada. 

Nosferatu por exemplo, um filme clássico do expressionismo alemão. Produzido em 1922, baseado em Drácula, de Bram Stoker, uma das mais fiéis representações fílmicas do vampiro. Alto, esguio, esquálido, com orelhas, nariz e dentes pontiagudos, Murnau consegue representar com sucesso a figura do personagem macabro de Stoker. É a própria representação (e expressão imagética) do Mal e do estranhamento sugerido pela figura mítica do vampiro. O horror se expressa em-si e para-si. O mal está entre nós e assim se apresenta em corpo, espírito e verdade.
O autor
Em 1897, Bram Stoker já era um escritor maduro e reconhecido. Estava prestes a completar 50 anos e estabelecera-se como um talentoso romancista de sua geração.
Natural de Dublin, Stoker começou a escrever no início da adolescência. Graduado em Matemática (!), jamais exerceu a profissão. Uma de suas paixões era o teatro. Foi crítico teatral do Dublin Evening Mail, de propriedade de um conterrâneo e colega autor seu, Joseph Sheridan Le Fanu — que tornou-se também uma influência fundamental.
Drácula foi o quinto livro publicado por Stoker. Na narrativa, o autor explora, com grande habilidade, um recurso retórico que começava a surgir na época: o romance epistolar. Ou seja, a história contada por meio de cartas — e de atualizações em diários, de notícias de jornais, de documentos náuticos etc. O formato fortalece uma característica indispensável para qualquer narrativa de teor sobrenatural: a verossimilhança (Revista Galileu, 2017).
Bram Stoker, a mente por trás do Conde Drácula (Foto: Reprodução)

Stoker publicaria um total de 17 romances, mas foi o seu romance Drácula, de 1897, que finalmente lhe trouxe fama literária, tornando-a conhecida como uma obra-prima da literatura de terror da Era Vitoriana. O livro tem a forma de um diário narrado pelos principais personagens: Jonathan Harker, que encontra o vampiro em seu castelo, sua noiva Mina, o médico John Seward e Lucy Westenra, vítima de Drácula transformada em vampira. Liderados pelo médico holandês Van Helsing, Harker e seus amigos enfrentam e enfrentam a terrível criatura. Drácula é a história de um vampiro que viaja da Transilvânia (uma região do Leste Europeu, hoje Romênia) a Yorkshire, na Inglaterra, e ali faz de inocentes suas presas para sugar-lhes o sangue de que precisa para sobreviver. De início, Stoker deu ao vampiro o nome de “Conde Vampiro”. O nome Drácula ele encontrou num livro sobre a Valáquia e a Moldávia escrito pelo diplomata aposentado William Wilkinson, que ele pegou emprestado de uma biblioteca pública de Yorkshire durante as férias de sua família.

Em 1897 as pessoas ficaram chocadas com um livro considerado  horrendo e arrepiante até ao último grau (Fonte: Pall Mall Gazette, 1 de Junho, 1897. e theguardian) considerado um erro artístico preencher um volume inteiro com horrores (Fonte: Manchester Guardian, 15 de Junho, 1897) e que era um livro apenas para homens corajosos, que  conseguem desligar o gás e ir para a cama sem ter de olhar por cima do ombro mais de meia dúzia de vezes enquanto sobem as escadas (Fonte: Pall Mall Gazette, 1 de Junho, 1897). Mas, aquilo que tornou Drácula numa verdadeira figura de terror, não foi somente o seu aspecto ou capacidades, mas sim o facto de incorporar grande parte dos medos e inseguranças que marcavam o final da época vitoriana do Império Britânico, nomeadamente a usurpação da Londres capitalista por parte do velho senhor feudal; o estrangeiro que desviava jovens britânicas do recto caminho e as tornava promíscuas; o homem que recua na escada evolucionária, tornando-se algo inferior ... Drácula era, no fundo, uma espécie de anti-cristo que ameaçava a firme sociedade cristã  (Fonte: Quora)
Muitos dizem que, o livro só ficou popularizado depois de Drácula ter ganho vida no cinema, transformando-se num ícone do terror. Seria interessante se, de alguma forma, Bram Stoker pudesse saber que 122 anos depois, cá estamos nós, a falar sobre uma personagem que ele criou.
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