Capelobo ou Cupelobo é uma crença da bacia do Xingu e de outras regiões do Maranhão e do Pará. Monstro fantástico, de origem indígena, cuja "aparição" porém espalhou-se pelos arraiais caboclos (MUCCI, 1977).
Criaram o Capelobo, animal invulnerável, velocíssimo e perseguidor dos índios e caçadores ousados. O Capelobo é creado pelo ramo racial dos mamelucos. Não pode ser autóctone como o Anhangá e o Caipora. Para algumas tribos é o velho que já esqueceu a idade. N'outras, é um animal como o Tapuayuara... (Revista do Brasil, 1923).
As matas do Nordeste, sobretudo as do Pindaré, são habitadas por esse bicho com corpo de homem, peludo cascos em forma de garrafa no lugar dos pés, focinho idêntico ao de um tamanduá-bandeira. A vítima preferencialmente humana é abatida por uma trepanação, pelo que, tendo o crânio imobilizado, vê-se incapaz de escapar e ter toda sua massa cefálica sorvida pelo focinho do Cupelobo, apoiado como uma ventosa no orifício. Câmara Cascudo registrou-o com o nome de "Capelobo" e diz que há referências também nos rios paraenses, onde goza de popularidade e assombra indígenas caçadores - "O nome Capelobo é hibridismo de capê, que tem osso quebrado, torto, pernas tortas, e o substantivo português lobo"
(PEREIRA, 2014.)
capelobo by rocksilesbarcellos |
Corso (2002) diz que Capelobo (ou Cupelobo) provavelmente é o avó do Chupa-cabra. Seu corpo, no formato e no tamanho, equivale ao humano, mas é muito mais peludo, e sua cabeça é como a da anta ou a do tamanduá. Entre seu hábito está comer vísceras porém o que chama atenção são as marcas que deixa no animal atacado, são mínimas, equivalentes a dois pequenos furos ou um furo não muito grande, pelo qual não seria possível retirar as vísceras. É como se ele sugasse a vítima, não lhe estragando as formas externas.
Dentre os fantasmas perigosos, nenhum era tão feroz como o Cabelobo. Sua personificação era a do próprio Satanás. Sua função era ade policiar a conduta das pessoas durante a Semana Santa. Velho Aprígio dizia: Eu temia muito o Capelobo. Na vizinhança havia um homem mais imundo do que propriamente velho. Era o Capelobo dos meninos da localidade (CAMPÊLO, 1970).
Nisso, ele lembra o Cabelobo que também é um ser que nasce da velhice. Não ficam claros os outros requisitos, além do envelhecer, para virar monstro. De qualquer forma, temos a ideia que um prolongamento excessivo da vida traz consigo o pior (CORSO, 2002). No blog Portal dos Mitos também cita um pouco desse ser folclórico!
Capelobo ataca novamente. |
Capelobo by Sofia B. D. de Oliveira |
Eu não podia deixar de publicar essa notícia cômica: Acabou o mistério: Índios de aldeias localizadas na cidade de Arame, interior do Maranhão, mataram um “capelobo”, que vinha aterrorizando as comunidades indígenas e destruindo as plantações. Fato é que o capelobo estava tirando o sossego e amedrontando populares e comerciantes que residiam em um povoado próximo as aldeias. Veja a foto aqui ! 😂
Referências:
CAMPÊLO, Zacarias. Minha vida e minha obra: (memórias). Casa Publicadora Batista, 1970. Universidade de Wisconsin - Madison. Digitalizado em 22 set. 2010.
CORSO, Mario. Monstruário: inventário de entidades imaginárias e de mitos brasileiros. Tomo Editorial: Universidade do Texas, 2002.
MUCCI, Alfredo. Acauã: alguns aspectos morfocromáticos do medo e ansiedade no fabulário popular brasileiro. Editora Morumbi, 1977. Universidade da Califórnia. Editado em 29 abr. 2010.
PEREIRA, Julio Cesar. Três vinténs para a cultura: o incentivo fiscal à cultura no Brasil. São Paulo: Escrituras Editora, 2014.
Revista do Brasil, Volume 23,Edição 92 -Volume 24,Edição 94. 1923
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